

Prova disso são os belíssimos arranjos vocais espalhados ao longo dos pouco mais de 56 minutos de
música. Isso sem contar todo o ótimo trabalho realizado pela trinca de cordas representada pelos músicos Entcho Todorov, Lois Martin e David Eggar para arranjar o disco com violino, viola e violoncelo. A musicista abusa e experimenta sem pudor de arranjos e ruídos. E se dá bem, como em Chacarera, composta pelo pianista Leo Genovese. Chamber Music Society é intimista, ora delicado, ora tenso, e tem enorme poder de fogo. Esperanza, que inclusive já se apresentou em terras tupiniquins, tem sido aclamada já há algum tempo como a nova descoberta do jazz. Em seu segundo disco, Esperanza, lançado em 2008, ela fez uma releitura para Ponta de Areia, de Milton Nascimento. Agora, ela trouxe o músico carioca para participar ao seu lado na canção Apple Blossom.
O resultado? Um emocionante dueto vocal e arranjos arrojados. Uma canção que se derrete nos ouvidos.
A cantora faz ainda outra referência à música brasileira, arrisca – e se sai bem no português inclusive – e
coloca no menu sua versão delicada para Inútil Passagem, composta por Tom Jobim e Aloysio de Oliveira.
Mas o melhor momento de toda a viagem sonora fica por conta de sua interpretação – de tirar o fôlego, digase de passagem – para Wild Is The Wind. Na canção composta originalmente pelo ucraniano Dimitri Tiomkin ao lado de Ned Washington, para o filme homônimo datado de 1957, Esperanza aquece a voz e coloca todo seu coração na canção e proporciona momentos emocionantes. Wild Is The Wind também já ganhou vida nas vozes de David Bowie, Nina Simone e Cat Power. Chamber Music Society é curioso, belo e imperdível, pode apostar.
Num mundo de tantas porcarias musicais, ainda há Esperanza...
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