Pilha - Seu último trabalho de estúdio foi lançado em 2004. São quase dez anos de espera. Como foi para você esperar esse tempo todo para mostrar novas músicas ao público?
Júnior - De 2004 a 2010, estivemos na estrada tocando material já consagrado da banda, ainda assim, gravamos alguma coisa como Quatro Cordas e um Vocal e versões que não foram usadas de Rolando Rock. Gravamos também uma música para o documentário Brasil Heavy Metal e, em 2007, mixamos e lançamos o Capturados ao Vivo no CCSP, que deu um baita trampo, pois eram quase 40 músicas gravadas ao vivo, para selecionar, um trabalho demorado e meticuloso, então nunca estivemos totalmente fora de estúdio.
Pilha - Por qual razão demorou esse tempo? O que aconteceu?
Júnior - Na verdade, não tínhamos tido a oportunidade e vontade de gravar e lançar algo novo, mesmo porque moramos em cidades diferentes, então, nos reuníamos apenas para ensaiar antes de shows, para cumprir a agenda da banda na estrada.
A partir de 2010, começamos a nos juntar para compor e ensaiar quando estávamos na estrada tocando em alguma cidade que tivesse um estúdio decente e de camaradas, e assim têm sido desde então, foi a fórmula que encontramos para poder registrar nossas idéias e músicas. Agora, estamos terminando de gravar algumas músicas nesse mesmo esquema.
Pilha - A banda está toda reformulada, né. Desde quando toca com esse time e onde se conheceram?
Júnior - Então, o guitarrista Danilo Zanite é amigo da Patrulha desde muito tempo, ele é de São Carlos, interior paulista, e sua banda Tarja Preta abriu alguns shows nossos na cidade, lá em Sanca temos muitos fãs e a galera que toca, realmente curte e toca canções da Patrulha, como a banda dele, então já rolava uma afinidade entre nós, ele abordou a nave em novembro de 2009. Já a Marta Benevolo, nos conhecemos também na estrada, em Brasília, e ela já vinha fazendo vocais e alguns números solo desde antes, com o Schevano ainda na banda.
Agora voltamos a trabalhar com o Allan Ribeiro, no baixo, uma fera da cena paulistana de rock, que já tocou conosco antes, inclusive na Virada de 2010, é um time muito bom, grandes músicos e bons companheiros.
Pilha - É o mesmo time que vem para São Paulo tocar com você?
Júnior - Sim claro, é a banda atual e que, seguramente, estaremos trabalhando em 2013, depois veremos o que rola.
Pilha - Mudou algo no som e no jeito de compor da banda com esses novos músicos? Acha que tem alguma sonoridade nova?
Júnior - A sonoridade sempre é nova em um trabalho novo, é a impressão digital dessa banda, formação e galera, indivíduos com sua onda e mensagem musical particular, mas sempre dentro de um contexto que tenha a ver com o som da Patrulha. Ultimamente, temos gravado quando nos encontramos na estrada, então são sempre estúdios diferentes, vibrações diferentes, que fazem com que cada gravação tenha sua história e peculiaridade, o que têm dado muita coesão ao nosso trampo, é que desde o Missão na Área 13, de 2004, temos trabalhado com o Gustavo Vazquez, como produtor, e isso têm facilitado demais no resultado sonoro, de sessões tão dispares, aconteça o que acontecer, gravemos onde seja, sempre finalizamos os discos no estúdio dele, o Rocklab em Goiánia, estamos muito satisfeitos até o momento.
Pilha - Esse novo trabalho traz uma coisa inesperada. Uma faixa como você cantando. Como surgiu essa ideia e, pretende fazer isso mais vezes?
Júnior - Bom, na verdade eu já havia gravado uma canção solo, Fogo Cruzado, no quarto disco da Patrulha, porque tanto lá, como cá, são canções extremamente particulares, de meus sentimentos, então nada melhor do que eu mesmo me expressar, ao menos no disco, ao vivo ainda nem consegui ensaiá-la direito comigo cantando, então cantam a Marta e o Danilo, na verdade também canto em Riff Matador, mas respondendo a tua pergunta, sim pretendo fazer isso mais vezes, ao menos em estúdio.
Pilha - Do que tratam as músicas?
Júnior - Da vida e sentimentos do roqueiro, como em Rolando Rock, Riff Matador e Rock com Roll. Já a Quatro Cordas e um Vocal, também fala disso, mas em forma de uma homenagem e lembrança para o Kokinho e a Deborah Carvalho, Estrelas Dirão manda uma mensagem sobre acreditar e Máquina do Tempo é uma daquelas baladas de amor, na linha de Arrepiado.
Pilha - Esse disco é independente? Se sim, aproveito para perguntar se é difícil conseguir algum tipo de apoio?
Júnior - Produzimos de forma independente desde sempre, inclusive somos pioneiros nisso, reza a lenda que fomos a primeira banda de rock nacional a lançar um vinil dessa forma.
Então isso não é novidade para nós. Eventualmente nos associamos a algum selo para lançar algum trabalho, quem apoia nossos Cds é a galera da Patrulha, nossos amigos e amigas do Brasil, que ainda compram Cds, não ganhamos mais dinheiro com isso, mas ainda conseguimos produzir, graças e exclusivamente ao nosso público, o Cd virou um elo de ligação entre a banda e os fãs mais dedicados, é como a carteirinha de um clube.
Pilha - E o nome para o disco?
Júnior - Uai, tá na cara né, a Patrulha é uma banda histórica, cuja trajetória se confunde com a história do rock pesado nacional, sem falar de meus serviços prestados a causa em outras bandas importantes daqui e da Argentina, e é aquela velha história, o Brasil não têm memória, não dão o devido valor a um monte de talentos nacionais, não só na música, cagam e andam nos históricos daqui, com os gringos que vêm pra cá é diferente, mas conosco ainda temos que matar dez leões por dia, me alongar no assunto seria por demais enfadonho, resumindo é como dormir em cama de pregos.
Pilha - Está ansioso para se apresentar novamente em São Paulo?
Júnior - Sim claro, é nossa cidade, aí estão nossas raízes de vida e do rock, os velhos amigos, é meio que nossa casa, ainda que fiquemos em hotel.
Pilha - Quanto tempo faz que não tocam aqui?
Júnior - Estivemos no SESC Belenzinho, em março último, e foi super legal, em um projeto com outras bandas dos 70, então faz bem pouco tempo que estivemos por aí.
Ainda que não moremos mais em Sampa, é nossa cidade, a cidade onde a Patrulha nasceu, então é sempre bom tocar por aí e aproveitamos sempre pra cruzar os amigos do rock, gostaríamos de tocar bem mais em Sampa, mas....
Pilha - O que está preparando para o repertório do show?
Júnior - O repertório é o que a gente vem tocando já há algum tempo na estrada, músicas de quase todos os discos, têm aquelas tipo Columbia, Arrepiado, Festa do Rock, 26 Anos e várias outras que sempre tem que estar e, é claro, material do Cd novo, Dormindo em Cama de Pregos, sempre estamos tirando e colocando canções, são muitos discos e muitas músicas, quase sempre tocamos também alguma do Aeroblus e com certeza ao menos uma nova do próximo disco.
Pilha -Há a chance de alguma participação especial?
Júnior - Com certeza, vamos ter o privilégio de ter alguns amigos ilustres conosco nessa noite no Manifesto, como o Gabriel Costa, baixista da Violeta de Outono, nosso crooner, o Ricardo Alpendre do Tomada, Silvio Lopes, da King Bird, vai fazer uma na guita, o Paulão do Baranga, prometeu ir lá tocar uma na bateria, assim como o controverso Régis Tadeu, jura que vai lá tocar uma na batera, contaremos, também, com a abertura da Blues Riders, vai ser divertido. Quando a Patrulha toca em Sampa, nosso palco está sempre aberto aos amigos, é bem provável que o Renê Seabra apareça para tocar Quatro Cordas e um Vocal conosco, ao menos se ele estiver por Sampa, enfim, vai ser uma festa do rock onde aproveitaremos para render uma homenagem a tantos amigos que têm nos deixado.
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