Quando
o assunto é música, tem certas coisas que são atemporais, ultrapassam barreiras e
estão acima de gênero e geração. David Bowie resolveu finalmente dar o ar da graça.
E, se tem algo que lhe fez bem, apesar da difícil espera por parte dos apreciadores
de seu trabalho, foi o tempo.
Após
uma década sem trabalho novo, o camaleão do rock volta inspirado, cheio de artimanhas
e traz álbum de inéditas repleto de surpresas positivas. The
Next Day (Sony Music, R$ 29,90 em media) chega para os ouvintes
com 17 composições, sendo três delas bônus.
Enquanto
preparava o disco, nenhum sinal foi dado pois Bowie fez tudo às escondidas. A fumaça
de que algo novo seria possível só se deu com o lançamento do single Where
Are We
Now?,
lançado em 8 de janeiro, quando completou 66 anos.
Gravado
em Nova York, The Next Day, 24º
trabalho de sua vasta discografia, tem produção de Tony Visconti que, diga-se de
passagem, realizou excelente trabalho, e promove resgate das raízes de Bowie.
Quando
a expectativa é grande, a decepção pode ser maior ainda. Mas The
Next Day passa longe, muito longe disso. O disco mergulha na
década de 1970, a começar pela capa –
ideia assinada pelo designer gráfico Jonathan Barnbrook –, uma reprodução da
arte do icônico disco
Heroes,
de 1977, só que agora com um selo branco com o nome do novo trabalho por cima da
foto original.
Mas
não é só isso. A sonoridade é o que mais remete à década áurea do cantor britânico
e chega a lembrar trabalhos como Low,
de 1977. Mas tudo isso acontece sem soar nem um pouco
datado. Bowie consegue buscar a essência do que realizou e traz para os dias de
hoje, com sonoridade atual.
ROCK
EM ESSÊNCIA
David
Bowie versão 2013 é rock em essência e excelência, no melhor estilo do cantor. Para
comprovar isso basta escutar a faixa The Stars (Are Out
Tonight), segundo single do
disco.
Com
refrão digno de tornar a canção um clássico no repertório das apresentações – caso ele as faça –,
I’d
Rather Be High é outra que embala a pegada roqueira e marca presença de
destaque na obra.
Bowie
não se promove com rock apenas na nova empreitada. Ele vai muito além e traz ao
cancioneiro respiro e calmaria em composições delicadas e muito b e m arranjadas
como Heat, em que coloca seu
vozeirão em pano de fundo criado por acordes de violão.
Where
Are We Now? traz diversos instrumentos, todos bem empregados, consequência
de décadas de experiência. Arrastada, Dirty Boys é
outra canção versátil. Rodeada por instrumentos de sopro, tem sonoridade jazz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário