terça-feira, 25 de setembro de 2012

Blues com improviso e energia

As notas certeiras e a harmonia de tirar o fôlego presentes em Back To The Blues (ST2 Records, R$ 19,90 em média), novo disco de estúdio do grupo Ari Borger Quartet, são resultado das duas décadas de experiência que o músico Ari Borger acumula.

Inspirado por nomes como Pete Johnson, Otis Span, Ramsey Lewis, Jimmy Smith e Jimmy McGriff, o brasileiro, que viveu por diversos anos em Nova Orleans, Estados Unidos, retoma em sua música o gênero que adotou no álbum de estreia, em 2001, o blues de raiz.

O músico conta, em entrevista ao Diário, que, apesar do título do disco, que em português significa ‘de volta ao blues', ele nunca esteve distante do ritmo. "O título sugere um retorno ao blues de raio, como no meu primeiro disco. O segundo e terceiro discos trazem uma base consistente de blues com soma de ritmos como soul e jazz e um deles alguma coisa de ritmos brasileiros."

Na empreitada, o pianista e compositor é acompanhado pelos mesmos músicos desde o início da carreira: Celso Salim (guitarra), Rodrigo Mantovani (contrabaixo) e Humberto Zigler (bateria), além da participação da cantora Bia Marchese na canção 'I'd Rather Go Blind' - única composição com voz.

Literalmente orgânico, 'Back To The Blues' foi gravado em apenas três dias e de forma analógica. "A gravação dessa forma dá um grave macio e um ‘chiado' que esquenta o som de maneira incomparável, além de ser quase impossível fazer emendas nas linhas que registramos", conta Borger. "Gravamos três vezes cada música e depois escolhemos qual fica", diz. "Sempre faço ao vivo, todos os discos. Isso traz uma verdade e emoção únicas às obras", revela.

Além disso, os improvisos que apareceram no estúdio, durante as gravações, ficaram no registro. "Todos foram realmente feitos no momento, não foram decorados, como se fosse um show ao vivo", afirma.

Entre as nove faixas que recheiam o disco, cinco são autorais, caso da animada 'Boogie Train' e de 'Coming Home', dona de diversos arranjos. Borger conta que não há regras para escrever músicas. "Às vezes surge do nada uma levada ou um contrabaixo que faço na mão esquerda, ou uma melodia que vem à cabeça. Faço um bom esboço da música com introdução, tema, onde será o improviso e lapidamos todos juntos", diz.

Em meio à parafernália que o quarteto levou ao estúdio estavam um piano acústico, um orgão Hammond B3 de 1957, diversas guitarras e contrabaixos, amplificadores e a bateria. Tudo para procurar captar a melhor sonoridade possível. 

Por se tratar de registro ao vivo, o disco mostra um entrosamento e cumplicidade musical grandes entre os músicos. "Consigo ter uma personalidade e marcas próprias, o que gera uma autenticidade musical."

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