quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Queen ganha disco duplo com gravações feitas na rádio BBC

O baú de preciosidades do Queen parece não ter fim. Sorte dos fãs. Banda que contava com Freddie Mercury (voz e piano), Brian May (guitarra e violão), John Deacon (contrabaixo) e Roger Taylor (bateria e voz), o Queen, que segue com May e Taylor, apresenta o álbum On Air (Universal Music, R$ 47,90, em média).
O lançamento é recheado por dois CDs com 12 músicas cada, todas gravadas ao vivo nos estúdios da rádio britânica BBC, e que abordam o início da carreira do quarteto roqueiro.
Do mesmo ano a obra ainda pincela outras duas sessões. A do dia 2 de julho conta com temas como See What A Fool I’ve Been e Son And Daughter.A obra abre com quatro temas registrados em fevereiro de 1973, para divulgar o disco de estreia: My Fairy King, Keep Yourself Alive – uma das primeiras músicas escritas por May após a criação do Queen –, Doing All Right e Liar. Já é possível notar o abuso positivo das melodias de guitarra e dos coros aliados ao vocal de Mercury, marcas registradas do quarteto.
A criatividade da banda fica nítida com o passar dos anos. Em 1974 a banda gravou na rádio Modern Timer Rock’N Roll, Nevermore, White Queen (As it Began) e Now I’m Here, entre outras. O registro aborda passagens do Queen na BBC até 1975.
No Exterior o lançamento é mais caprichado. Além do CD duplo, há edição com três LPs e uma caixa com seis CDs que conta com gravações que vão até os anos 1990, inclusive temas tocados pelo grupo no Brasil, em 1981. 

segunda-feira, 14 de novembro de 2016

Ride The Lightning é relançado

Na primeira metade dos anos 1980, o rock estava em plena transformação, com bandas marginais como Slayer e Exodus surgindo nos Estados Unidos e também no Brasil, com Sepultura e o andreense MX. Da mesma leva, havia o Metallica, da Califórnia, cujo segundo disco, Ride The Lightning, lançado em 1984, ganha relançamento agora, 32 anos depois de sua criação.

A obra (Universal Music, R$ 27,90, em média) volta às prateleiras remasterizada e embalada em caixa digipack (papel). Com formação que ainda contava com o contrabaixista Cliff Burton – morto em 1986 em acidente de ônibus durante turnê da banda –, o álbum é ilustrado por temas como Fight Fire With Fire, Trapped Under Ice e Fade To Black, e já apostava em críticas políticas e sociais, como para a pena de morte.


Algumas canções de Ride The Lightning, como a faia que dá nome ao disco, For Whom The Bell Tolls e Fade To Black, se tornaram clássicos no repertório do Metallica e são executadas ao vivo até hoje.

Apesar de ser positivo o fato de o disco retornar às prateleiras, o relançamento deixa a desejar pelo fato de não ter um bônus sequer.

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Norah Jones respira jazz

Norah Jones navegou por oceanos de diversas linguagens musicais. Artista para lá de consagrada, a cantora e compositora norte-americana faz agora mergulho nas raízes do universo de onde surgiu, o jazz.
A cantora coloca nas prateleiras seu sexto trabalho solo, Day Breaks (Universal Music, R$ 25,90, em média), que ganha vida ilustrado por 12 composições de estúdio. Com produção assinada por ela própria ao lado de Eli Wolf, e coprodução de Sarah Oda, que assina quatro temas no álbum, três com Norah, Day Breaks é elegante, poderoso.
Além de arranjos de piano, tocado no disco pela própria Norah Jones, o novo trabalho é arranjado por bateria tocada com vassourinha, contrabaixo acústico e saxofone, o que dá ar intimista – como daqueles shows em pequenos clubes de jazz – em canções como, que abre o cardápio musical da obra, Tragedy e It’s a Wonderful Time For Love. Tudo muito educado e sensual. De andamento mais rápido, Flipside dá energia ao disco, com arranjos de teclado hammond e belo trabalho de voz. Já Peace é o momento mais delicado da obra. Prato cheio para quem quer calmaria. Além das faixas autorais, Norah apresenta duas releituras. Uma delas é Fleurette Africaine, de Duke Ellington. Ela também visita o cancioneiro do roqueiro canadense Neil Young com Don’t Be Denied, mas em sua visão, nada de guitarra ácida.
Além das 12 faixas de estúdio, o álbum apresenta quatro bônus de versões ao vivo, sendo que três delas são de canções de Day Breaks: Carry On, Flipside e Peace. A outra, Don’t Know Why é clássico do álbum de estreia, Come Away With Me. 

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Pacote de Cartola

Atemporal. Assim é a música de Cartola (1908-1980), um dos mais importantes compositores brasileiros, que ganha edição especial, embalada na caixa batizada Todo Tempo Que Eu Viver (Universal Music, R$ 69,90, em média). É a primeira vez que a obra toda do cantor é reunida de forma remasterizada. O lançamento é ilustrado por três CDs. Entre eles estão os dois primeiros trabalhos do artista, que levam seu nome, um de 1974 e outro de 1976. Ambos foram registrados por Cartola já com mais de 60 anos e após o artista ter sido ignorado por várias gravadoras, mesmo sendo nome conhecido no universo do samba.
Os álbuns foram lançados pela Discos Marcus Pereira, ainda novata naquele tempo. E tudo deu certo graças, também, ao empenho do produtor musical João Carlos Botezelli, o Pelão, que não desistiu da tarefa de gravar o carioca. Do primeiro, saltam pérolas como Disfarça e Chora, Corra e Olhe o Céu e a poética Alvorada, resultado de trabalho de três dias em estúdio sob os arranjos de Horondino José da Silva, o Dino 7 Cordas.
O CD de 1976 foi bem recebido. O disco anterior havia vendido 50 mil cópias em menos de um ano. Pela primeira vez Cartola vivia apenas da renda de sua arte. O álbum, um clássico, assim como o anterior, é ilustrado por temas como O Mundo é um Moinho, Aconteceu e As Rosas Não Falam. O trabalho conta com a participação especial de Creusa, filha de criação de Cartola, em duas faixas, Ensaboa e Sala de Recepção.
O terceiro álbum da caixa, Tempos Idos, é uma compilação de todas as músicas do compositor lançadas entre 1967 e 1976 em discos de outros artistas e em projetos de selos como Copacabana, Tapecar e Odeon, entre outros. Entre as faixas estão Pranto de Poeta, Mangueira e Praça Onze, todas parte de uma seleção de sambas da Mangueira, que conta com a participação de Clementina de Jesus e Elizeth Cardoso. Destaque para quatro registros gravados ao vivo, pincelados do disco 100 Anos de Música Popular Brasileira, de 1975. Além do medley Divina Dama/Quem Me Vê Sorrindo, estão O Sol Nascerá, Alvorada e Acontece.

segunda-feira, 7 de novembro de 2016

Lady Gaga sem barreiras

Lady Gaga é daquelas artistas que chutam barreiras impostas por quem quer que seja. Ela é o que quiser e pronto. Versátil, conversa com artistas diversos, tanto que já se apresentou com nomes como Brian May, guitarrista do britânico Queen, com o cantor Tony Bennett, e é muito respeitada por figuras como o veterano roqueiro Alice Cooper.
Ela lança agora Joanne (Universal Music, R$ 27,90, em média), disco de inéditas e quinto de estúdio, que estreou nesta semana no topo da lista norte-americana Billboard 200, desbancando Leonard Cohen e Michael Bublé. A nova empreitada da popstar coloca fim ao hiato de três anos sem trabalho de inéditas – o anterior foi Artpop – e mostra a artista caminhando por outros universos, sem medo.
Com produção assinada por Kevin Parker (Tame Impala) e Mark Ronson, o disco, que leva o mesmo nome de uma tia da artista que morreu jovem, é ilustrado por 14 composições e traz receita diferente. Mesmo ainda presentes em canções como Dancin ‘ In Circles e no single Perfect Illusion, os temperos pop com elementos eletrônicos saem um bocado de cena e a artista aposta desta vez em receita mais orgânica, roqueira até, com pitada bluesy e com momentos country.
Limpo, o disco dá mais lugar aos instrumentos que aos efeitos eletrônicos, tanto que há harpa, percussão, cordas, bateria encorpada e contrabaixo, entre outros. Isso dá mais espaço para a voz da artista se sobressair, como na canção Come To Mama, que tem até arranjos de instrumentos de sopro. Em Diamond Hear, que abre a obra, sua voz rasgada já mostra o direcionamento do álbum. Sinner’s Pray tem pitadinha country, para quebrar preconceitos e mostrar que a arte é livre.
O disco conta com a guitarra de Josh Homme, da banda norte-americana Queens Of The Stone Age. Em Hey Girl, R&B de sutil veia feminista, Lady Gaga conta com a participação de Florence Welch, da banda Florence and the Machine. Regada por cordas de violão, a faixa que dá nome ao disco remete aos tempos de Joni Mitchell em Woodstock, nos anos 1960. Uma preciosidade.

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Bruno Mars libera nova música

O cantor Bruno Mars lança hoje mais uma faixa que estará em seu próximo álbum, 24K Magic, terceiro da carreira, que será lançado dia 18 via Warner Music. 

A balada 'Versace On The Floor' já está disponível em todas as plataformas digitais.

Entrevista - Stacey Kent lança disco com Roberto Menescal

Como surgiu a ideia de fazer esse disco?
Encontrei Roberto em 2011 no “Show De Paz” no Rio e ficamos amigos imediatamente. Mesmo que sejamos de gerações e culturas diferentes descobrimos que temos muito em comum do ponto de vista da música, filosofia e etc. Durante as nossas conversas por Skype e e-mail, descobrimos que amamos não somente os grandes "standards" do Great American Songbook, mas amamos também os discos de Julie London e Barney Kessel. Convidei o Menescal a fazer umas faixas no meu disco, “The Changing Lights”. Foi durante a gravação que ele deu a ideia de um disco de standards no estilo íntimo de voz e guitarra como Julie London e Barney Kessel. Claro, disse OK sem hesitar!

Era uma vontade antiga regravar clássicos da música dos Estados Unidos?
Mesmo que tenha cantado mais as canções inéditas, francesas e a música brasileira nos últimos anos, nunca deixei de cantar os clássicos norte-americanos. Mas a ideia de fazer um disco assim com Menescal foi tão natural. A gente compartilha uma sensibilidade. Parecia muito natural fazer este repertório com Roberto. Também antes de gravar, falamos muito das coisas em comum entre o mundo dele, a Bossa Nova, e a meu mundo do Jazz, falamos da ligação da harmonia e para este projeto em particular, a ligação entre o relacionamento muito íntimo da voz e violão e que poderíamos criar de novo aquela atmosfera. Menescal nos fala muito dos anos no início, cantando, tocando na casa da Nara Leão, e os duetos que eles fizeram juntos, parecido com Barney e Julie. Queríamos continuar nesta tradição.

E a escolha do repertório do disco foi difícil?

Foi difícil, mas somente no sentido que tínhamos uma escolha tão grande. A dificuldade foi eliminar tantas canções que poderíamos ter gravado. Na realidade, fazer dez discos assim teria sido fácil!
Como é o cenário musical para esse tipo de música nos Estados Unidos? É algo que os jovens também escutam?
Esse tipo de música fez parte da cultura dos EUA sempre. Ouve-se na rádio, nas lojas, nos filmes etc. Por isso, os jovens ainda conhecem bastante bem os standards e já existe um público que ama os Standards. O disco com Roberto tem sido muito bem recebido.
Como foi o processo de gravação desse disco?
Planejamos o disco por Skype e e-mail. Roberto escolheu a maioria do repertório. Para mim, a única canção que eu sugeri que Roberto ainda não conhecia foi “If I'm Lucky”, de Perry Como. Eventualmente, Roberto chegou em Londres para gravar. Ensaiamos em casa bem relaxados e depois fomos para o estúdio. O estúdio fica no campo, fora de Londres. Tem jardins lindos e um clima muito aconchegante. Gravei todos os meus discos ali e foi um prazer introduzir Roberto ao meu mundo depois de sermos tão bem recebidos no Brasil.

Quando escuto Tenderly, ele soa quase que ao vivo, e muito orgânico. Essa era a ideia?
Foi. O clima é quase bossa nova - voz e violão. Não foi uma grande produção, mas é a música como se toca em casa entre amigos.

Das canções que você regravou para Tenderly, mudaram arranjos ou as músicas são como as versões originais?
Foi somente “In The Wee Small Hours” que eu regravei e foi um arranjo que Menescal fez. É bem diferente.

O disco tem músicas doces. Acha que o mundo está precisando de mais amor nos dias de hoje?
Concordo! Fico muito feliz de ser capaz de contribuir algo ao mundo que possa ajudar.

Tem algum toque brasileiro nessas músicas do disco Tenderly?
Além da canção do Menescal, “Agarradinhos”, que tem um toque de swing dos anos 50, como disse, o clima do disco - voz e violão e muito bossa nova.

Sei que você é apaixonada por música brasileira. Você descobriu algum artista que está ouvindo atualmente?
Tem tantos artistas aí que amo e que ainda estou descobrindo! Mas não penso em termos de ano nem da idade, a música toca o coração ou não.
 
Você pesquisa por artistas antigos do Brasil?
Hoje em dia, é fácil pesquisar graças à Internet, mas também os meus amigos brasileiros, sabendo que amo a música brasileira, me mandam nomes dos discos que talvez não tenha ouvido.... Escuto bastante Cartola neste momento. E sempre escuto João Gilberto. Mas a lista é enorme e não temos tempo pra falar de tudo! Passei a semana passada apresentando “Cantiga de Longe” a alguns amigos americanos que não conheciam o trabalho do Edu Lobo. Ficaram apaixonados.
 
Você tem vontade de fazer um disco só com músicas de algum artista brasileiro?
 Já fiz um disco “AO VIVO” e DVD com o grande cantor, compositor e amigo, Marcos Valle. Cantei recentemente também uma faixa com Danilo Caymmi, no disco dele que vai ser lançado daqui a pouco, tocando uma música do Jobim. Da mesma geração, adoro a música de Edu Lobo, Joyce Moreno, Dori Caymmi. (Isso me faz lembrar de um disco que eu amo do Dori, “Contemporâneos”, em que ele toca as músicas dessa geração. Uma maravilha.) Na verdade, tem tanta riqueza de compositores talentosos, seria possível fazer muitos discos! Eu vou!
 
Pretende vir ao Brasil para divulgar o disco Tenderly?
Espero que sim! Não há nada planejado neste momento.
 
Quer dizer algo mais?
Foi uma honra gravar com Roberto Menescal. Ele é um músico e um homem muito querido.

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Bastille de disco novo

Após o sucesso do disco de estreia Bad Blood (2013) e do hit Pompei, que revelaram a banda indie britânica Bastille, o quarteto se enfia em perigosa empreitada: fazer um segundo trabalho tão bom quanto o anterior. Wild World (Universal Music, R$ 25, em média), chega ilustrado por 19 canções e forte receita sonora.
A banda, formada em 2010 por Dan Smith (voz), Kyle Simmons (teclado), Will Farquarson (guitarra e contrabaixo) e Chris Wood (bateria), acerta a mão e segue receita parecida com que fez antes. A doçura da voz de Dan apresenta faixas como Good Grief, um dos destaques do álbum e que já ganhou vídeoclipe. Mas há também, como não poderia ser diferente, momentos em que o cantor usa força e energia na harmonias vocais, como em The Currents.
Com produção assinada pelo cantor ao lado de Mark Crew, Wild World apresenta faixas grudentas e dançantes, como Glory, um dos destaques, e repletas de arranjos eletrônicos que se misturam aos orgânicos. Momento denso do trabalho fica por conta da bela An Act of Kindness. Outro grande momento é a psicodélica Two Evils, que poderia figurar tranquilamente em filme de Quentin Tarantino. Se Wild World vai superar a marca de 4 milhões de cópias vendidas, ainda é uma interrogação, mas que a banda está no caminho certo, está.

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Blackning pesado


Gostaria de saber quão desafiador foi preparar o segundo disco. Acredito que seja muita responsabilidade superar um trabalho de estreia, não?
Não saberia dizer ao certo se podemos chamar isso de responsabilidade. Fizemos o nosso primeiro álbum ("Order of Chaos") em 6 meses, dos primeiros ensaios de Janeiro de 2014 ao início das gravações em Junho daquele ano. Estávamos com a gana por fazer algo que representasse nossas ideias e servisse como nosso cartão de visita, sem a necessidade de divulgarmos alguma demo ou EP inicial, queimando cartucho. Sabíamos que era possível chegar com algo, de certa forma, relevante entre as bandas do estilo e nos propusemos a correr tal risco. Lançamos no Brasil o nosso debut album em Dezembro de 2014 e o saldo por parte da mídia, tanto daqui quanto da gringa, foi muito positivo.
Ao começarmos a pensar no segundo álbum, que veio a se chamar "ALieNation", fizemos tudo com mais tranquilidade e dessa vez tivemos o envolvimento da banda toda, diferente do primeiro álbum que foi composto basicamente por duas pessoas (por Elvis Santos - baterista da banda - e por mim, pela questão de não termos baixista na época da composição do "Order of Chaos - Francisco Stanich entrou na banda no início das gravações de bateria). Isso trouxe uma unidade única ao grupo e ao novo trabalho, uma dinâmica diferente e favorável para que fizéssemos tudo com mais consciência e experimentação para que tudo soasse bem aos nossos ouvidos, da forma que imaginávamos e que foi previamente trabalhado com o produtor musical Fabiano Penna (o mesmo que produziu o álbum anterior). Por isso tudo não sentimos um peso em fazer algo maior, e sim em fazer algo que fosse a cara da banda nessa fase atual. A superação que você comentou foi sentida apenas na parte de execução musical de cada um, na produção dos sons, na mixagem, masterização e parte gráfica, e acredito que nesses quesitos a gente conseguiu dar um passo além.

Quanto tempo levou para fazer esse trabalho?
Começamos a nos reunir para compor esse novo trabalho por volta de abril e maio de 2015, quando mostrei as minhas primeiras novas ideias pro pessoal. Fomos lapidando algumas coisas e criando muitas coisas do zero, no formato dos três caras mesmo, somando com as várias ideias do Elvis e do Francisco, ensaiando bastante, gravando prés e trabalhando junto com o produtor Fabiano Penna. Somando todo esse processo, posso considerar que levamos um total de 14 meses, sendo 9 meses de composição, 1 mês de pré-produção, 3 meses de gravações e 1 mês de mixagem e masterização, tudo isso ensaiando no paralelo. Gastamos quase meio ano a mais (5 meses) que o primeiro álbum e isso foi ótimo para fazermos tudo da forma que achávamos correto para esse trabalho, sem pressão ou correria.

Você costuma escutar outras bandas antes de fazer um disco assim para ter inspiração?

Particularmente, não. Me preocupo muito em trabalhar focado, evitando interferência externa na composição. Às vezes ao se buscar referências artísticas externas, você pode acabar se deixando levar e fugindo do caminho natural do seu trabalho, principalmente se as referências forem muito próximas ao seu estilo. Escuto muita música no dia a dia e quem me conhece de perto sabe que sou um cara bem aberto à música boa, indiferente do estilo, e isso por si só já ajuda a direcionar as ideias e coisas novas. Como escuto metal desde meus 12 anos, não tem perigo de eu tocar algo que fuja do estilo que está tão inserido no meu paladar musical, digamos assim. A inspiração pra mim pode vir de um ambiente, de uma situação, de algo visual, não tanto de novas referências musicais externas, sabe?

O disco é todo independente? Se sim, como é seguir nesse formato de trabalho, apenas com recursos próprios? O que há de positivo e de negativo?
Independente somente na parte de custeio de produção, ensaios, gravação, mixagem e masterização. Fazemos questão de termos domínio sobre o nosso trabalho, de podermos oferecê-lo para os selos que quisermos, tanto daqui quanto de fora. Sei que é redundante mas o ruim ter de utilizar recursos próprios para fazer a banda avançar é o fato de termos de usar mesmo grana própria, seja tirando do caixa da banda ou do bolso de cada integrante. Banda nova não possui um fluxo de caixa considerável para reverter nos custos internos e isso, pensando em empresa, tem de sair de algum lugar, e muitas vezes essa diferença sai do bolso dos donos do negócio, que no nosso caso leia-se "integrantes da banda". O positivo com certeza é a liberdade para barganhar melhores condições em todas as esferas. Podemos oferecer o álbum para selos gringos com condições melhores do que se tivéssemos apenas uma demo, torcendo para que eles investissem na banda, na gravação, produção, ente outras. Foi assim com o nosso primeiro álbum, que saiu na Europa por um selo da Espanha (Hecatombe Records). Na real, você tem que acreditar na tua ideia primeiro do que os outros, inclusive fazendo com eles se encorajem à acreditar em você após sentirem que é verdadeiro. E o feito é melhor do que o perfeito, ou seja, a banda tem de arregaçar as mangas e ir pra cima, sem esperar que algo caia do céu. Sobre a prensagem do "ALieNation", ela ficou por conta do selo paulistano Vingança Music, que lançou também nosso primeiro álbum, e a distribuição ficou por conta deles com a parceria da Voice Music. Acredito que todos as novas bandas, e incluo nesse ponto a Blackning por termos apenas 2 anos de vida (mesmo com 2 cds lançados e duas turnês nacionais na bagagem), tem que fazer acontecer por seu próprio mérito para, aí então, estar apta a chamar atenção de alguém. Gravadoras são nada mais do que bancos que investem uma grana num artista esperando um retorno, e ficar atrelados 100% à bancos não é tão bacana quanto possa aparecer.

Vocês são preocupados com timbres, prezam por bom resultado de gravação, fazem clipes. Como é dar conta de tudo isso? São só vocês três fazendo tudo?
É muita correria e isso nos cobra que sejamos regrados para não deixar passar nada batido. Na Blackning trabalhamos com cronogramas anuais, que desmembramos inclusive em tarefas diárias, com itens dedicados para cada integrante. Ou é assim, como uma empresa, ou o trem sai do trilhos. Sempre temos pedras no caminho de nossas vidas particulares que temos que ultrapassar, mas aí alguém na banda cobre o outro para que tudo continue andando. E assim, na parceria, a parada vai indo. E nisso falo apenas das partes burocráticas, vender shows, organizar logística, cuidar de estoque de merchandising, envio de material por correio, marcar ensaios, etc. Ainda temos a parte de ensaiar, praticar, viver a música mesmo, saca? Por hora, a banda cuida dessa parte toda, mas temos parceiros na parte de assessoria (Agencia 1A1), que era o nosso gargalo e que nos ajudam com entrevistas, notas na mídia, redes sociais, etc. Somos apenas três rapazes latino-americanos tentando tocar seu próprio negócio que tanto amam, mas sozinhos ficaria bem difícil. O sonho geral dentro da banda é cuidar apenas da música, ensaiar, compor, tocar ao vivo, etc, mas sei que nos moldes atuais do mercado musical, essa opção está descartada.

E por falar em clipe, esse disco terá algum?
Terá sim, pelo menos dois. O primeiro já foi gravado pelo nosso amigo de longa data Denis Di Lallo, que produziu inclusive nosso primeiro clipe (da música "Thy Will Be Done", do primeiro álbum, "Order of Chaos"). Escolhemos a música "Mechanical Minds" para abrir os trabalhos por causa da temática e por mostrar outra faceta da banda, um som mais cadenciado, de pegada. O clipe está atualmente na parte de edição, mas em breve iremos divulgar o trabalho e esperamos que a galera curta. 

O nome do disco faz relação a algo que você enxerga na sociedade como um todo hoje?  Como você vê o sistema em que vivemos hoje?
Ao meu ver esse álbum aborda fortemente o momento da sociedade, que é de alienação. Pessoas estão alienadas em seu celular, num tipo de autismo funcional, em suas redes sociais e seu voyeurismo, em suas vinganças, em seus rancores, em seus ideias políticos, preconceitos, etc. Ao começarmos a desenrolar a parte lírica do álbum, vimos que tudo que escrevíamos tomava esse caminho temático e aí decidimos usar o nome 'alienation' (alienação em inglês) para o álbum, mas brincando com as palavras, fechando em "ALieNation" (alienação + lie = mentira + nation = nação, ou seja, uma nação alienadora e mentirosa). Atualmente o povo acredita em tudo que vê e lê, não contesta, não tenta forçar a vista e o entendimento para ir além do contexto que cospem para os ares em forma de notícias e opiniões. Isso é horrível pois vejo amigos debatendo temas e desfazendo amizades por diferentes ponto de vista, pessoas perdendo negócios por ideais diferentes, enfim, o povo está com a vista turva ocasionada por essa nuvem que se instaurou no ar. Espero que logo menos consigamos todos enxergar que a mudança no sistema começa por nós, aqui debaixo e que todos estão por aqui apenas para viver da melhor maneira possível, de preferência sem afetar negativamente a vida alheia.

Sua música serve para alertar de problemas sociais?
Nossa música serve sim, mas não nos prendemos somente à isso. Música é arte, feita para ser apreciada. Pode ser contestadora sim, mas acredito que ela deva ser os dois. Particularmente não curto música feita somente para servir de alerta à alguém, pois acho que a música é mais do que isso. Ela tem de passar uma sensação, seja ela qual for, amor, vitória, raiva, medo, etc, e com isso entreter de alguma maneira, como um filme e fazer o ouvinte a pensar. Pensando nisso, inclusive, fizemos algo bacana no álbum novo, como diferencial, que foi inserir QR Codes de todas as letras no encarte, que levam as traduções, exatamente para o ouvinte vivenciar uma experiência mais completa e sacar a ideia da banda.

Qual a canção mais forte desse disco, em termos literários, na sua opinião?
Por gosto pessoal e em termos apenas de letra, gosto muito da "Thru the Eyes", que reflete aquele autismo funcional que comentei anteriormente, daquelas pessoas que vivem no celular, nas redes sociais e se esquecem da vida real, e curto muito também a letra da "Mechanical Minds", que fala de uma pessoa que sofre a imposição da vida em seguir o mesmo caminho de todos, do sol a sol, trabalho fixo, casa própria, etc, o fato de ter de seguir a manada para ser considerado normal. Mas com certeza cada letra mexerá de forma diferente para cada pessoa, e essa é a ideia, a interpretação pessoal de cada tema.

Qual a principal mensagem que quer passar com esse trabalho?
Se analisarmos a capa, verá que existe uma conexão com nosso primeiro álbum. Desde aquela época falamos de uma Ordem que domina o mundo, controla governos, o mercado, o dinheiro e a população. A ordem, simbolizada pela caveira nefasta, segura uma criança, que pode ser considerada a sociedade e que será doutrinada por essa ordem, de modo a ser manipulada desde o berço. No primeiro álbum (Dezembro de 2014) a ideia tratava exatamente da implantação do caos que chacoalha o mundo, os países e os líderes. Os temas abordavam quase que na sua totalidade os assuntos relacionados à isso. Já nesse novo trabalho (Junho de 2016), novamente falando da capa do álbum, a criança que simboliza essa nova sociedade cresceu, já está sendo doutrinada, alienada pela ordem e se vê debaixo das asas dessa maldade toda. No fim, os temas acabaram sendo bem atuais e no 'timing' certo que vivenciamos no dia a dia, mas sei que o mesmo nunca ficará datado.

Qual a maior dificuldade que sua banda enfrenta para divulgar seu trabalho?
Acho que as mesmas dificuldades que muitas bandas passam, inclusive as com mais anos de estrada do que a gente. Na nossa região das sete cidades, acho que seria legal falar da questão de espaço e condições ideais para apresentações do estilo. Bares de rock existem, mas preferem dar atenção à bandas covers pois o público comparece e injeta grana no negócio local. Por aqui, eventos de bandas autorais acabam ficando em segundo plano, o público fica aquém do esperado e desanima os organizadores que fazem acontecer por conta própria. Ao mesmo tempo, a Blackning, e falo também por mim em específico e pelo Elvis, nunca tivemos oportunidade de tocar em eventos públicos da nossa própria cidade, Santo André, ou de outras cidades da região, como São Bernardo e São Caetano, eventos esses organizados 100% pela prefeitura e seus departamentos de cultura. Acho curioso, pois o que sempre fizemos foi deixar material completo nesses departamentos, mas ao mesmo tempo faz com que sigamos na contra mão, fechando turnês nacionais e futuramente dando passos ainda maiores, buscando sempre o crescimento da banda, nem que para nossa própria região o reconhecimento deles venham de fora para dentro. Espero que a questão de tocar na região mude, mas também não será essa questão que irá atrasar os nossos passos, de forma alguma. Seguimos na luta com as cartas que temos na mão.

Quais os próximos planos?
Estamos no momento em turnê nacional. Já tocamos nos últimos dias em Porto Velho/RO, Rio Branco/AC, Belém/PA, Imperatriz/MA e Parnaíba/PI, voltamos para São Paulo para cumprir com alguns compromissos e entrevistas e agora no dia 24/06 subiremos novamente para mais uma perna da turnê, passando por Fortaleza/CE, Mossoró/RN, João Pessoa/PB, Cruz das Almas/BA, Serrinha/BA, Esplanada/BA e Paraisópolis/MG. Tem sido muito legal passar por alguns lugares que tocamos anteriormente, mas tocar em novos locais é tão legal quanto. Ainda temos algumas regiões a atacar, como centro-oeste e sul e a ideia é resolver essa questão em breve.  Para esse ano ainda, estamos fechando também algumas parcerias e temos o intuito de fazer algumas datas pela América do Sul, como Argentina, Chile, Peru, Bolívia, Paraguai, etc, seja como banda principal em eventos menores ou como suporte em eventos maiores. E depois, no começo do ano que vem, algo pela Europa. Estamos organizando o cronograma semestral e esperamos viabilizar tudo o mais breve possível.

Quer dizer algo mais?
Quero aproveitar e convidar à todos que confiram nosso trabalho pela web, acessando o site  www.blackning.com, onde poderão acompanhar todas as nossas novidades, músicas, vídeos, datas de shows e conferir nosso material à venda, camisetas, CDs, adesivos e tudo o mais. Em breve esperamos tocar por aqui, para assim mostrarmos à que viemos e assim revermos todos os amigos que nos apoiam há anos. Obrigado novamente e nos veremos na estrada.

segunda-feira, 14 de março de 2016

Elton John apresenta 33º trabalho de estúdio

Na classe artística do universo da música, entre os nomes que já não precisam provar mais nada está Elton John. O compositor e cantor britânico, na estrada desde 1696, coloca nas prateleiras novo disco de estúdio.

Wonderful Crazy Night (Universal Music, R$ 27,90, em média), seu 33º trabalho de estúdio, ganha vida após mais de dois anos sem trabalhos de inéditas do artista. Seu trabalho anterior foi The Diving Board, de 2013.

Com produção assinada por Elton John ao lado de T Bone Burnett, o novo álbum é ilustrado por 10 canções inéditas e autorais.

Cheio de energia, Elton John, que hoje tem 68 anos, resgata temperos usados em seus trabalhos nos anos 1970 e, para acompanhar seu piano, usa sem medo guitarras e arranjos de orgão. Não à toa, conta, de novo, com parceiros daquele período: Nigel Olsson (bateria) e Dave Johnstone (guitarra).

O cantor chegou a afirmar que queria mesmo um trabalho repleto de guitarras e que soasse feliz e que acredita nunca ter feito um álbum com tanta energia.

Com pegada de blues e refrão grudento, a faixa In The Name Of You é um dos destaques da obra.

Outra que rouba a cena é a canção que dá nome ao disco. Ilustrada por boas harmonias de contrabaixo e piano, é animada e prato cheio para chacoalhar o corpo. Já para aquecer os corações está a delicada balada A Good Heart.

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