terça-feira, 15 de outubro de 2013

Sepultura em disco furioso

Se a ideia é soar furioso, coeso e renovado, o Sepultura acertou em cheio. O grupo tira do forno seu 13º disco de estúdio, The Mediator Between Head and Hands Must Be the Heart (Substancial Music, R$ 25 em média), título que coloca fim ao hiato de dois anos desde seu último trabalho, Kairos.
Para a nova empreitada, que chega às prateleiras a partir do dia 25, o quarteto resolveu resgatar uma antiga parceria, com o produtor Ross Robinson. O Sepultura havia trabalhado com ele há 18 anos, quando lançou um de seus mais conhecidos discos, Roots.
O álbum sai do forno recheado com dez composições regidas por riffs poderosos de guitarra de Andreas Kisser, que vez ou outra dão lugar ao groove, como na faixa Manipulation Is Tragedy.
Esse é também o primeiro disco com o músico andreense Eloy Casagrande a cargo das baquetas. “Escutei falar do Eloy em Santo André. Os filhos do Iggor (Cavalera) estudavam na mesma escola que ele. Foi em 2004, 2005. Acompanhei o Eloy meio de longe, em alguns programas de TV, depois tocando com André Matos e por último no Gloria”, diz Kisser.
“Agora a banda é mais do ABC do que de Belo Horizonte. Até a Monika (empresária) é do ABC”, brinca Kisser. “E eu não podia recusar esse convite”, diz o baterista. Kisser, que nasceu em São Bernardo, diz que o Sepultura tem uma relação próxima com a região. 
O guitarrista conta que o Sepultura ensaiou muito em Santo André, na época do Arise, do Chaos A.D. “A primeira música que escrevemos do Chaos A.D. foi Propaganda, e ela foi feita em Santo André, na casa de um amigo meu. A gente ensaiava lá. Eu conheci o Max e o Iggor em Santo André. O ABC sempre teve essa tradição headbanger. E foi ali que realmente tudo aconteceu.
“Espero que esse disco nos faça tocar no Grande ABC de novo. Nunca tocamos em São Caetano e São Bernardo”, diz Kisser.
Kisser conta que nesse disco ele e o baterista praticamente escreveram todo o conceito musical. “Eu e o Derrick fizemos as letras. Ele vem com as linhas melódicas. O Paulo está sempre no ensaio colocando as linhas melódicas. Foi uma química espetacular, com total liberdade de ação de todo mundo.”
The Mediator Between Head and Hands Must Be the Heart não abandona a sonoridade criada pelo Sepultura ao longo dos anos. Mas ainda assim é um disco que olha para a frente e não se prende muito a receitas.
O cantor Derrick Green solta a voz gutural e alterna trechos de calmaria, tendo frases de bateria e do contrabaixo de Paulo Jr. como pano de fundo. Kisser conta que não é difícil trazer algo novo para o som da banda.
“Tentar copiar o Chaos A.D., por exemplo, a gente até consegue. Mas iria soar como uma coisa patética. A gente ia se sentir escravo de uma situação, preso a uma ideia que não é real. Temos de viver o presente, não o passado”, afirma Kisser.
Ele conta que a inovação musical é algo que funciona naturalmente. “Temos o privilégio de viajar o mundo, de conhecer países. Toda turnê, desde 1989, vamos a algum lugar diferente. Isso mantém nossa cabeça jovem, cheia de ideias, sempre com aquela vontade de fazer coisas diferentes. A característica do Sepultura não muda. A gente é o que é, tocamos dessa maneira.” 

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