sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Sérgio Dias fala sobre novo disco dos Mutantes

Por Vinícius Castelli

A impressão que dá ao escutar Haih or Amortecedor (Coqueiro Verde, R$ 25 em média), novo álbum
dos Mutantes, é a de que eles simplesmente retomaram de onde haviam parado. “Eu acho que é isso mesmo. Fiz questão de não olhar para trás. Não paramos para pegar referência, para buscar sonoridade.
Simplesmente tocamos e fizemos as músicas novas”, conta o simpático Sérgio Dias, guitarrista, compositor, vocalista e grande mentor da banda, em entrevista exclusiva.

Em 1974, a banda lançou o disco Tudo Foi Feito Pelo Sol, último trabalho de estúdio e, em 1976, o disco Mutantes ao Vivo. Depois disso, deixou para trás legado de fãs, discos importantes e saudade. O grupo retomou as rédeas da carreira em 2006, com reunião que contou, além de Sérgio, com a cantora Zélia Duncan, Arnaldo Baptista – irmão de Sérgio, e também integrante da formação original do grupo – e o baterista Dinho Leme. Na ocasião, lançaram álbum e DVD gravados ao vivo no teatro Barbican, em Londres.
Haih or Amortecedor chega agora e coloca Os Mutantes novamente na boca do mundo. Das 15 canções que o ilustram, sete foram escritas em parceria com Tom Zé, que divide os vocais com Bia Mendes em uma delas, a balada Anagrama. Uma traz os dedos de Erasmo Carlos e outra, O Careca – canção com pitadas
de samba –, foi presente do velho amigo Jorge Ben Jor. Antes de escutar, vale despir-se de qualquer preconceito e apenas deixar o álbum tocar.

Haih or Amortecedor é novo em folha, e apresenta uma nova banda, afinal, não podemos esquecer que Sérgio é o único dos originais. Mas não há como negar que a psicodelia ácida ainda ferve no sangue dos Mutantes. Basta escutar as canções Amortecedor ou Querida Querida. Os solos ardentes da guitarra
de Sérgio também pulsam com força, estão escancarados em Singin’ The Blues, por exemplo.
A banda esbanja nos arranjos, ousa e mistura sem pudor, como em Teclar, composição regida pela voz de Sérgio. É nela, aliás, que se percebe que sua voz não mudou nada de lá para cá.

Além do grande mentor, o grupo conta hoje com as vozes de Bia Mendes e Fabio Recco, Henrique Peters no teclado, piano e órgão Hammond, Simone Sou na percussão, Vinicius Junqueira no contrabaixo, Vitor Trida na viola caipira, guitarra, flauta e violino, entre outros, e por fim, o baterista Dinho Leme, a quem Sérgio rasga elogios. “É genial ensaiar e ver o Dinho tocar, não há baterista como ele. O Dinho sempre faz o
inesperado. A banda está no mesmo barato, todos são maravilhosos’, revela o músico.

De acordo com Sérgio, a banda interagiu muito no estúdio, discutindo ideias, procurando sempre o melhor
resultado. A ideia de fazer um novo álbum surgiu na cabeça do guitarrista assim que o grupo voltou
a tocar. “Quando voltamos já pensei em fazer um disco. Uma banda só existe se produz”, afirma.
Satisfeito com o resultado do trabalho e com a aceitação pelo mundo, Sérgio conta que criar um disco dos Mutantes é algo que funciona como passe de mágica, não tem receita. "É uma mágica completamente
diferente, apenas acontece. Os Mutantes é algo maior que eu, que o Arnaldo e maior que a Rita (Lee)”.

Esbanjando felicidade com o momento que está vivendo, Sérgio diz que tudo isso era para acontecer e exalta orgulho pela banda. “Tenho orgulho e humildade de fazer parte dessa conspiração chamada Os
Mutantes”. Para ele, preparar este disco não foi um desafio, e sim um prazer, um momento de total liberdade. Talvez parta desse princípio o bom resultado do trabalho. E para quem acha que eles vão parar por aqui, o músico diz que já reservou os meses de maio e junho para trabalhar no próximo álbum.
“Era para acontecer, e acontecer de novo, e talvez mais ainda, no futuro”

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