quinta-feira, 18 de agosto de 2011

The Decemberists com inspiração

Difícil é colocar simplicidade e riqueza na mesma receita de um disco. Mas essas qualidades passeiam juntas e desfilam beleza no cardápio sonoro do The Decemberists. 'The King Is Dead' (EMI, R$ 29,90 em média), novo trabalho do grupo de Portland, Estados Unidos, mergulha nas raízes do interior e traz dez canções deliciosas.

A fase literária de discos como 'The Hazards Of Love' - lançado em 2009 - parece ter dado lugar ao ar puro do campo. O quinteto formado pelo compositor e vocalista Colin Meloy, pelo violonista e guitarrista Chris Funk, pelo baterista e percussionista John Moen, pelo contrabaixista Nate Query e também abençoado pela belíssima voz da Jenny Conlee - que cuida inclusive do acordeão e piano - coloca os pés, as mãos e o coração no folk e tira do bolso seu álbum mais inspirado.

Viver o clima das composições é algo que a banda levou a sério. O grupo foi feliz em todas as missões para aprontar 'The King Is Dead'. Longe da civilização, em terra onde as flores e as árvores se perdem de vista, os músicos resolveram preparar em um celeiro, na fazenda Pedarvis - sede do festival de música Pickathon -, seu local de gravação.

As ideias chegaram e as melodias nasceram grandiosas. Já nas primeiras notas de 'Don't Carry It All', faixa que abre o disco, dá até para imaginar a brisa de um fim de tarde.

Influências de Bob Dylan e também do canadense Neil Young são nítidas em boa parte das músicas. Presença graciosa a da cantora Gillian Welch como voz de apoio em sete das dez faixas. Outro que dá o ar da graça é Peter Bruck. O guitarrista do R.E.M - banda que serviu de inspiração para algumas das composições de Meloy - acrescenta notas nas canções 'Down By The Water', 'Calamity Song' e 'Don't Carry It All'.

'The King Is Dead' é música orgânica, representada por diversos climas e sensações, como em 'Rise To Me'. Intimista e calma, a composição - que fala da saudade do vocalista do filho Henry e de sua mulher - ganha doçura quando sua voz se encontra com a de Conlee.

Poética, triste e de notas limpas, 'January Hymn', um dos destaques da obra, fala do inverno. Por outro lado, calorosa, 'June Hymn' traz ares da renovação da estação quente. Como se a superação de alguma tristeza tivesse sido atingida. E é em 'June Hymn', que mais uma vez a bela voz de Conlee se encontra com a de Meloy para dar vida às frases da canção.

'Down By The Water', grande momento do disco, é outra que chega cheia de vida. De refrão delicioso e grudento, é recheada por belos arranjos de gaita, acordeão e tamborim. 'The King Is Dead' é prova de música boa, que respira, repleta de sentimentos. Como poucos sabem fazer e como tem de ser.

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