Por: Vinícius Castelli
Fotos: Ronaldo Chavenco
“Presta atenção no Ian Hill. Ele finca os pés no canto do palco e curte do começo ao fim”, disse um amigo uma vez. A verdade é que não só o baixista do Judas Priest é assim, mas a banda toda. Cada uma do seu jeito. O sorriso estampado nos rostos dos cinco músicos durante apresentação em São Paulo, na Arena Anhembi, no último sábado (10), deixou claro que satisfação e prazer são muito possíveis quando se trata de música e quando se faz com gosto.
O evento que ainda teve de quebra uma curta apresentação do primeiro e único vocalista David Coverdale a bordo de seu Whitesnake foi emocionante. Tudo bem, o tempo passa, é claro que Coverdale não é mais aquele garotão que cantou Burn em 1974.
Não mesmo, o tempo passou e ele - assim como o pessoal do Judas Priest - está cheio bagagem e história para contar. E não dá para negar, é um privilégio ouvi-lo cantar a mesma Burn de 1974 agora, em 2011. Isso sem contar em Soldier of Fortune à capela e tantas outras belas músicas que escreveu ao longo dos anos.
Agora, o Judas Priest é um caso diferente. Eles disseram que não farão mais grandes turnês, e isso já deu um sabor especial ao show. Mas diferentemente de outras ‘despedidas’, digamos assim, a troca proporcionada no sábado foi algo além do que se esperava.
Clássico é clássico e isso a banda tem de sobra. Mas música vai muito além de ser um clássico, ou de a banda apresentar um show bonito. O que pega e conquista é a emoção, a energia. E isso não se faz ensaiando passinhos.
Isso se consegue quando se ama a música, quando ela ferve no sangue e faz de você, público, parte da banda. É uma troca, e é tão intensa que todos se tornam um.
Exagero? Não! Nem um pouco. E quem esteve lá sabe disso. Pressão, força, melodias poderosas e incansáveis. Acho que é mais ou menos isso do que se trata.
Rob Halford completou 60 anos. Quando ele entrou no palco, foi algo quase inacreditável.
Afinal, como pode? A voz mudou de lá para cá. Sim, está melhor ainda. Halford é único, genial e impagável. Ao lado do brilhante guitarrista Glenn Tipton desfilou Metal Gods, Heading Out To The Highway e Starbreaker. “Nossa, essas canções não envelhecem”, pensei.
E o velho Ian Hill estava lá, no canto do palco, balançando a cabeça, completamente mergulhado na música, como meu amigo havia dito. Scott Travis, o baterista que entrou na banda para as gravações do disco Painkiller, em 1990, parece que sempre fez parte do quinteto.
O Judas tem algo mais. Algo diferente. É música para papai com filho, para reunir grupo de marmanjo que descobriu a banda há 20, 30 anos. É música para menina adolescente e para mulher feita. Beyond The Realms Of Death é canção que nem se esforça para levar qualquer um às lágrimas. Assim como a belíssima versão de Diamons And Rust, original de Joan Baez.
Apesar de ter sido apresentado em uma arena e diante de milhares de pessoas, o show foi intimista. Teve Halford falando sobre cada disco que lançaram, com suas respectivas capas ao fundo. “Nossa, British Steel é de 1980!”, pensei. Como o tempo passou. Os sessentões, de ferrugem não tem nada, eles tem sim, muito a ensinar às novas bandas.
Fica a pergunta: Como podem, esses caras ainda se suportarem depois de QUA-REN-TA anos juntos? Não, não é grana. Isso eles já tem. E diferente de muitas bandas da mesma idade, esses caras tem sim prazer em fazer som juntos há tanto tempo.
Não existe outra explicação. É clichê, mas é a verdade. Judas Priest é o vinho que envelhece e se torna especial. Exagero meu? Tsc-tsc.
Não existe outra explicação. É clichê, mas é a verdade. Judas Priest é o vinho que envelhece e se torna especial. Exagero meu? Tsc-tsc.
Sorte de quem os viu. Sorte a minha.
Valeu, Judas!
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