terça-feira, 10 de maio de 2011

Muito além da barreira do tempo

Música é arte que transcende. Tem poder de quebrar barreiras e ultrapassar a linha do tempo, e isso sem fazer o menor esforço. Boa música não tem idade e exemplos não faltam. Prova mais do que viva disso é o legado escrito pelo cantor e guitarrista John Fogerty. O ex-líder da lendária banda de rock Creedence Clearwater Revival deu o ar da graça na Capital paulista na noite de domingo, no Credicard Hall. Para cerca de 3.000 fãs, apresentou durante uma hora e meia leque recheado de preciosas canções. E boa parte delas, mesmo já com mais de 40 anos, parece ser nova em folha. O guitarrista se despede da Capital com show hoje, no mesmo local, às 21h30. Os ingressos disponíveis custam entre R$ 175 e R$ 600 e podem ser comprados na bilheterias do local ou pelo site (http://premier.ticketsforfun.com.br/).

Trajando camisa xadrez azul e preta – que junto com outros materiais promocionais oficiais também estava à venda em loja montada no hall de entrada –, John Fogerty, 65 anos, fez em sua primeira visita ao País show para sujeito algum botar defeito. Assim que subiu ao palco, de suas mãos saíram notas que anunciaram o clássico Hey Tonight, responsável pelo primeiro contato do músico com o público, que se mesclava entre cinquentões e jovens.
Esbanjando energia e com a guitarra sempre pronta para fazer barulho, o músico tirou do bolso Green River. Ali ficou claro que o show seria catarse roqueira até o fim. Acompanhado por banda impecável, que conta com o excelente baterista Kenny Aronoof, dois guitarristas, baixista, e tecladista, Fogerty promoveu clima de festa e estampou sorriso no rosto de todos no momento que anunciou o clássico Who’ll Stop The Rain. O refrão “And I wonder, still I wonder, who’ll stop the rain?” foi cantado por todos.

Algo que impressiona em uma apresentação como essa é que, mesmo que não se saiba o nome da canção, a identificação é imediata. Fogerty é responsável por isso: composições que andam por si só. De seu livro de receitas saíram também Susi Q, Lookin’ Out My Back Door e Born On The Bayou, todas temperadas por arranjos dignos de quem carrega na mochila mais de quatro décadas de experiência. Mas Fogerty não se contentou apenas com a força das canções e surpreendeu. Empunhando a guitarra para o alto, tocou insanamente. Com sua parceira, que era trocada a cada canção – promovendo um belo desfile de guitarras – fez solos sujos e improvisou tendo como pano de fundo o petardo I Put A Spell On You.

Com vozeirão intacto, o guitarrista tirou o pé do acelerador e apresentou a belíssima Long As I See The Light. Esforços não foram poupados durante o emocionante solo – uma lamentação mergulhada nas profundas raízes do blues promovida pelas seis cordas. Tirando uma ou outra música da carreira solo – ainda não tão bem conhecida por todos – como Don’t You Wish It Was True, por exemplo, o show teve clássico atrás de clássico.

Have You Ever Seen The Rain foi dedicada à mãe de sua filha e também a todas as mães. Fogerty ainda lembrou Roy Orbison com Oh Pretty Woman e fez versão para Good Gooly Miss Molly, de Little Richard. Não faltaram também Down On The Corner, Bad Moon Rising, Fortunate Son e Rockin All Over The World.

Fogerty sorriu o tempo todo, não se cansou de dar a mão aos que estavam encostados na grade. Correu e pulou feito um garoto que descobre o mundo. E talvez seja esse o segredo mágico para que canções como essas estejam vivas. Afinal, música é motivo para relembrar e descobrir.
Fotos: Ronaldo Chavenco

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