quinta-feira, 16 de junho de 2011

Ben Harper cheio de surpresas

Por Vinícius Castelli

Não há como negar. De tudo que o mundo respira musicalmente nos dias de hoje, Ben Harper é dos nomes mais completos e temperados que se pode encontrar. Depois de passar quase dois anos colhendo frutos de 'White Lies For Dark Times' - álbum gravado com a banda Relentless 7 - o músico apresenta seu décimo álbum de estúdio, 'Give Till It's Gone' (EMI, R$ 29 em média).


As 11 canções, embaladas por capa de papelão, mostram que, aos 41 anos, Harper ainda busca mais amadurecimento musical. Sim, é claro que se trata de disco com raízes roqueiras, afinal, isso é o que corre nas veias do norte-americano. Mas Harper não se contenta com ‘mais do mesmo' e vai além. É daqueles músicos que colocam molho na música e, mesmo que algumas vezes passeie por poucas notas, ainda é capaz de preparar canções de tirar o fôlego.

'Don't Give Up On Me Now', composição que abre o disco, é grande candidata a melhor faixa do álbum. De harmonia deliciosa, a voz de Harper se mescla aos belos arranjos quase acústicos e ao slide da guitarra.

Características do álbum são os climas desacelerados e as surpresas que as músicas trazem. 'I Will Not Be Broken' é caso típico. A calmaria - que parece levar o ouvinte até o fim da canção - dá lugar ao peso e sujeira que, de repente, tomam conta da faixa.

Outro destaque da obra é 'Rock n' Roll Is Free'. Foi escrita logo após Harper abrir concerto do lendário compositor e guitarrista canadense Neil Young, em Londres, em 2010. O músico buscou receita e inspiração no clássico 'Rockin' In The Free World' de forma certeira.

Mas o grande presente que envolve 'Give Till It's Gone' é a grata participação de ninguém menos que Ringo Starr. O baterista dos Beatles dá o tom e abre, com batidas dignas e pesadas, a bela 'Spilling Faith'. Arranjos psicodélicos deliciosos, belos coros vocais e linha pegajosa de baixo são os ingredientes. Como se não bastasse, a participação de Ringo não para por aí. O músico também gravou a instrumental 'Get There From Here', além de assinar ambas ao lado de Harper. As duas faixas se fundem de maneira espetacular e, em 'Get There From Here', seus toques de bateria, com andamento todo quebrado, fazem a viagem continuar, cada vez mais ácida, como se não fosse mais ter fim.

O momento mais delicado do disco fica por conta de 'Pray That Our Love Sees The Dawn'. Singela e melancólica, conta com o reforço do cantor, guitarrista e compositor Jackson Browne.
Querendo ou não, Harper figura, sem dúvida, entre os grandes. E sim, podíamos até não esperar que ele surpreendesse, afinal, não há mais necessidade, mas este é seu melhor momento

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