Singular e elegante. Esses atributos são comuns quando o assunto é Madeleine Peyroux. Mas dizer apenas isso para descrever sua música não basta. O conhecimento que carrega quando o assunto é jazz, folk e blues é invejável. Isso sem contar no cuidado e bom gosto que dá brilho e vida às suas canções.
Comparada desde o álbum de estreia com Billie Holiday, Madeleine já passeou por temas de figuras importantes como Patsy Cline e Bessie Smith, e também trouxe ao mundo sua versão para o clássico francês La Vie Em Rose.
Mas isso é apenas aperitivo diante de tão saboroso menu que a cantora vem construindo ao longo dos anos. Se discos como Dreamland (1996) e Careless Love (2004) foram quase que inteiramente recheados por canções de outros artistas, agora, com Standing On The Rooftop (Universal Music, R$ 29 em média), seu quinto disco solo, a cantora norte-americana firma ainda mais os pés nas composições próprias – processo que começou em Bare Bones, seu trabalho anterior.
Com produção assinada por Craig Street, Standing On The Rooftop põe fim à parceria com o produtor Larry Klein. Os primeiros acordes do álbum anunciam Martha My Dear, canção que pertence ao ‘álbum branco’ dos Beatles. Cheia de categoria ela apimenta o disco com
balanço, como na composição The Kind You Cant’t Afford, fruto do trabalho em conjunto com Bill Wyman, ex-baixista dos Rolling Stones. Mas a parceria com Wymann não fica por aqui, o baixista ainda contribui na faixa seguinte, Leaving Home Again.
Delicada, traz a receita tradicional da compositora, com arranjos doces entre cordas e voz.
Junto a um time que conta com outros dez músicos, Madeleine ilustra as canções com violões, guitarras, piano e violino. Envolvente e ponto alto do disco, Fickle Dove é de clima ameno, mesma receita da música seguinte, Lay Your Sleeping Head, My Love, adaptada do poema homônimo de W. H. Auden.A faixa-título traz arranjos pesados, momento em que a cantora se reinventa. A bela Don’t Pick A Fight With a Poet tem clima alegre e dançante. A viagem sonora ainda traz uma versão para I Threw It All Away, de Bob Dylan. Como se não bastasse, Madeleine ousa e cria roupagem tensa para Love In Vain, clássico de Robert Johnson que ganhou grande proporção através dos Rolling Stones. Triste é o fato de Madeleine ter abandonado a língua francesa, sempre presente em seus trabalhos.
Mas não dá para negar: Standing On The Rooftop é imperdível, mantém a boa música viva diante de um mundo onde ela muitas vezes não é levada a sério.
Nenhum comentário:
Postar um comentário