terça-feira, 8 de junho de 2010

Os temperos de um paraíso

Se a preocupação era criar uma atmosfera sonora, Lu Horta pode se dar por satisfeita.

Repleto de doçura e delicadeza, seu novo álbum, Paraíso Eu (Tratore, R$ 25 em média), tem produção de Bruno Bonaventure, e trata a música com respeito e resgata aquilo que muitas vezes se perde pelo caminho: a qualidade.

Em meio às atividades com o grupo Barbatuques e aulas de canto e expressão corporal, Lu Horta dá sequência ao trabalho solo – iniciado em 2003 com álbum que leva seu nome no título – e apresenta na nova empreitada parcerias com Arnaldo Antunes, Jean Boechat e Edu Marin, por exemplo.

Sem seguir regras, a cantora paranaense continua o mergulho na música brasileira. Lu Horta caminha de acordo com sua intuição, e traz 12 canções que exploram um processo livre de composição. “A situação do mercado (musical) é tão confusa que eu prefiro usar a minha intuição e me lembrar que um dos meus objetivos é me comunicar com os ouvintes através daquilo que componho”, conta.

E foi assim, em canções como Ô, que surgiu em sua cabeça durante uma madrugada, ou em outras, que nasceram de brincadeiras, de improvisos como devaneios de notas e palavras, que o disco foi ganhando rosto. É claro também que muitas das ideias foram pensadas, cuidadosamente elaboradas e depois lapidadas, como ela mesmo conta.

Mesclar elementos eletrônicos aos arranjos orgânicos foi o ponto de partida para a composição do disco. Junto aos arranjos sutis de samplers, teclados e baixo synth, Paraíso Eu também é temperado pelos sons da bela guitarra portuguesa, bandolim, assobios, acordeom e até pelo delicioso soar do cravo.

Embalado pela bela e colorida capa da artista Dani Luppi, Paraíso Eu gira em torno do âmbito pessoal da cantora. “Posso dizer que a oportunidade de gravar este CD e focar neste repertório me salvou de um afogamento emocional, existencial”, conta.

Enquanto a canção Flutuante é marcada pela doce voz de Lu Horta, a composição No Meu Lugar traz, no tempero, pitadas psicodélicas. Cheia de arrranjos cuidadosos, A Carta da Lua é um dos destaques.

O disco também tem seu momento romântico com Todo Mundo quer Amor. Paraíso Eu é o paraíso de Lu Horta, repleto de sentimentos e climas, cheio de vida.

http://www.luhorta.com.br/
 
Coluna publicada hoje no caderno de Cultura do Diário do Grande ABC.

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