quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Phil Collins e a magia da Motown


Phil Collins há muito não pensa nas intermináveis canções progressivas que o consagraram junto ao lendário grupo Genesis. Oito anos após o lançamento do álbum Testify, o baterista e vocalista que andou dizendo um bocado sobre aposentadoria, resolveu retomar as rédeas de sua quase esquecida carreira solo e tirar do bolso o álbum Going Back (Warner Music, R$ 29 em média).


Referência da música pop nos anos 1980, Collins vive agora outro momento. De relembrar composições e ritmos com os quais cresceu escutando. Mergulhado no universo musical da Motown, gravadora fundada na cidade de Detroit em 1959 que se especializou em soul music e R&B, o britânico promove um passeio pelas dançantes canções daqueles tempos áureos.

Vale ressaltar que a Motown não teve somente o papel de lançar jovens artistas no mercado fonográfico, mas foi responsável também por mostrar ao público branco a força e a qualidade da música tocada pelos negros norte-americanos.

Assim como Eric Clapton e vários outros ingleses, Phil Collins também foi fortemente influenciado pela música norte-americana da metade do século passado. Ele resgata canções de grupos como The Miracles e Steve Wonder com excelência. Mantém a roupagem original das composições e traz sonoridade encorpada para as músicas.

Nem dez segundos são necessários para os pés entrarem no clima do suingue de Girl (Why You Wanna Make Me Blue), hit gravado pelo grupo The Temptations, em 1964. Mas a satisfação chega mesmo com (Love Is Like A) Heatwave, de Martha e the Vandellas.

E se essa canção não for o bastante para que se tenha certeza que esse é um ótimo disco, os arranjos de sopro e o balanço da canção Uptight (Everything’s Alright), de Steve Wonder não deixarão mais dúvidas sobre isso.

A voz de Collins continua intacta, limpa e bela, como na romântica Never Dreamed You’d Leave In Summer, também de Wonder. Mas a maior proeza para este trabalho foi trazer todo o clima, sonoridade e a magia da Motown para os dias atuais. Ele foi genial ao convidar músicos que viveram aquele momento para participar do projeto ao seu lado.

Collins contou com o guitarrista Ray Monette, do Rare Earth, por exemplo. Trouxe também Bob Babbitt, baixista do estúdio Motown e também da banda Funk Brothers. Aos 74 anos, outro que também dá o ar da graça no disco é o guitarrista Eddie Willis, responsável por algumas linhas de guitarra junto ao The Supremes, Steve Wonder, e Funk Brothers, entre tantos outros. De fino trato, o álbum é recheado também pelos belíssimos coros vocais de Connie Jackson e Lynne Fiddmont.

Going Back não se trata de uma tentativa de promoção através das gloriosas canções da Motown. Collins nunca precisou disso. É apenas uma bela homenagem à jovem América dos anos 1960.

Coluna publicada no Diário do Grande ABC.

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