quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Eric Clapton com toques de Jazz

Eric Clapton é o tipo de músico que sequer pensa em estacionar. Ao contrário, só fica melhor com o tempo. No auge de seus 65 anos, o guitarrista, vocalista e compositor britânico tira do bolso Clapton (Warner, R$ 29,90 em média), seu disco de inéditas e 19º da carreira.

Nos anos 1960, Clapton, junto ao trio de rock Cream, consolidou seu nome como potência musical. Antes disso, havia participado dos Yardbirds, e de lá para cá, mergulhou no blues em sua carreira solo, com discos de dar água na boca.

Mas após tanto tempo, o que o músico poderia oferecer de diferente?
Que tal canções de blues com deliciosos toques de jazz, tudo com algo que só o tempo pode dar a um músico: muita elegância.

É disso que tratam as canções que compõem o novo álbum. Das 14 composições, ele escreveu apenas uma, Run Back To Your Side, ao lado de Doyle Bramhal II. Além da canção, Clapton assina a produção do disco.

Para a escolha do cardápio, Clapton mergulhou no baú do blues e do jazz e de lá retirou receitas para músicas como Travelin’Alone, composta originalmente pelo guitarrista norte-americano Melvin Jackson (1915-1976).
Mas o mergulho do músico foi além. Ele revisitou também a obra do compositor Hoagy Carmichael (1899-1981) e a do gaitista Walter Jacobs (1930-1968), por exemplo.

O mérito do álbum não é só do britânico, afinal, para o novo disco, ele tem a seu lado nomes como Steve Winwood, com quem trabalhou no grupo Blind Faith, em 1969, por exemplo.

Clapton traz ainda o trompetista Wynton Marsalis para as belíssimas canções How Deep Is The Ocean e My Very Good Friend The Milkman.

Sua guitarra Stratocaster chega mais tranquila agora. Esqueça a ideia de longos solos de blues. Clapton dá mais ênfase a outros tipos de arranjos. Por meio deles, as canções resgatam elegância peculiar das composições da primeira metade do século passado, como na delicada River Runs Deep, que conta com a participação de outro grande guitarrista, J.J. Cale, com quem Clapton já havia assinado um disco, Road To Escondido, em 2006.

Um dos destaques fica por conta de Rocking Chair. Nela, o guitarrista assume somente o vocal e passa a vez das cordas às ótimas notas do jovem Derek Trucks.

Outra que participa ao lado do músico é Sheryl Crowe, em Diamonds Made From Rain.
Clapton demorou cinco anos para lançar um álbum. Mas se esse é o tempo necessário para que faça um disco desse nível, então valerá a pena esperar outros cinco pelo próximo.
 
Coluna publicada no jornal Diário do Grande ABC.

3 comentários:

  1. este álbum está realmente sensacional. Vale a aquisição.

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  2. Posso fazer só um complemento ao seu ótimo comentário? Este é o disco do cantor Eric Clapton. Ele não é apenas um dos melhores guitarristas de todos os tempos. É um grande cantor. As interpretações são impecáveis. E isso fica muito nítido na canção How Deep is the Ocean, do Irving Berlim, que já foi gravada por todos os grandes nomes da música internacional - Sinatra, Bennet etc. Na voz do Clapton ela soa única,sofisticada.

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  3. Oi, Rafael. Obrigado pelo complemento. Tem razão, Clapton é tão lembrado como guitarrista, que esquecemos de dizer sobre sua voz. Ele é grandioso realmente. Um abração :)

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